Escrever
sobre o próprio é sempre uma tarefa difícil, mas
aqui vai.
O meu nome é Daniel Pinto, tenho 23 anos e sou médico.
Ou melhor, vou sendo cada vez mais médico. Licenciei-me no final
de Julho de 2005 na Faculdade de Medicina de Lisboa (Lisboa - Portugal).
A nível profissional encontro-me neste momento numa fase pouco
interessante: aguardo o início do meu internato médico (Ano
Comum), em Janeiro de 2006. O curso já terminou, mas ainda não
posso começar a trabalhar por questões burocráticas
e de organização do Ministério da Saúde português.
Decidi fazer parte da missão da AMI em S. Tomé e Príncipe
por duas razões: a primeira é o meu desejo de realizar este
tipo de missões mais a sério no futuro, a segunda prende-se
com uma questão de oportunidade no contexto da minha formação
enquanto médico. Desde já há algum tempo que tenho
vontade de realizar missões de ajuda humanitária. Esta vontade
surgiu naturalmente face à profissão que escolhi, mas foi
também incentivada pelas palavras do Dr. Fernando Nobre, que tive
oportunidade de escutar em duas edições do Seminário
de Saídas Profissionais da Associação de Estudantes
da Faculdade de Medicina de Lisboa. Os seus relatos das missões
em que participou foram, talvez, um catalizador que me fez tomar o passo
decisivo. Porquê agora? Porque não vou ter oportunidade de
o fazer nos próximos 6 ou 7 anos, altura em que estarei a fazer
a minha formação como médico especialista. Depois
disso, a decisão de partir numa aventura deste tipo terá
de ter em linha de conta muitos outros factores que não me sobrecarregam
agora (família, actividade profissional, etc.). Além disso,
não me aliciam 5 meses em casa apenas a preparar o exame de acesso
à especialidade, tenho necessidade de realizar outras actividades.
Os meus objectivos para esta missão são modestos: permanecer
em S. Tomé durante cerca de 2 meses, integrando a equipa da AMI
que está no terreno; participar na actividade clínica assistencial,
dando apoio às populações locais e aumentando os
meus conhecimentos na área das doenças tropicais; participar
na formação dos quadros locais e da população
em geral na área da saúde; conhecer a realidade de uma missão
humanitária num país subdesenvolvido; divulgar a actividade
da AMI e sensibilizar as pessoas que visitarem este site para as necessidades
de S. Tomé e Príncipe na área da saúde (e
não só). É-me ainda pedido pela AMI a elaboração
de alguns relatórios da missão, que servem para fundamentar
a actividade da AMI e justificar a utilização de fundos
aos doadores.
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