Missão S. Tomé e Príncipe - Diário de Viagem, por Daniel Pinto
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Quinta-feira, 2005-09-22 23:09:30

Esta entrada corresponde a 4ª-feira (21 de Setembro)

Quarta-feira é dia de ficar no hospital de Angolares: ver os doentes internados, fazer consultas tipo urgência e de ginecologia (o Dr. Stepan Harbuz). No entanto, hoje houve pouco para fazer: não estavam muitos doentes internados e não haviam muitos doentes para consulta. Das quatro consultas que fiz durante a manhã há uma que serve para ilustrar a falta de meios com que nos deparamos diariamente. Era uma senhora de perto de 60 anos, que vinha por queixas de palpitações e cansaço. Fazendo algumas perguntas fiquei também a saber que tinha hipertensão arterial há vários anos e concluí que tinha uma doença chamada insuficiência cardíaca esquerda. Esta é uma das complicações da hipertensão arterial mantida durante muitos anos sem tratamento. A hipertensão causa hipertrofia do ventrículo esquerdo, que em Portugal estudaria pedindo à doente um ecocardiograma, mas aqui tive de fazer o diagnóstico (com maior margem de erro) apenas palpando o impulso do coração sobre a caixa torácica. Com o evoluir da doença, o ventrículo esquerdo deixa de funcionar tão bem, originando as queixas da doente. No tratamento, mais uma falta de meios. Um grupo de fármacos que melhora o prognóstico da insuficiência cardíaca é o dos chamados IECAs (inibidores da enzima de conversão da angiotensina). Ao dar este tipo de medicamento, estamos a fazer com que a probabilidade da doente morrer ou ter uma complicação (como um enfarte) diminua significativamente. No entanto, o stock de IECAs do hospital de Angolares está esgotado! Prescrevi a restante medicação e espero já ter um IECA para oferecer quando vir a doente na consulta para a próxima semana.
Depois das consultas fui comprar peixe para as nossas refeições. Mais uma vez várias pessoas tentaram vender-nos os seus produtos a um preço inflacionado: chegaram a pedir-nos 15 000 dobras por um peixe fulo-fulo, quando o seu valor real é de apenas 5 000. Depois de termos perguntado os preços em várias canoas chegámos a uma com pescadores honestos: pediram-nos o preço real, sem sequer regatear, até nos ofereceram mais um peixe por sermos os médicos da AMI. A partir de hoje estes pescadores ganharam clientes habituais, aos restantes não compraremos nada.
Agora que ia tentar actualizar o site verifiquei que não há acesso a servidores fora de S. Tomé. Isto é, só consigo aceder ao site da companhida de telecomunicaçãos de S. Tomé, o resto da internet está fora do meu alcance... Amanhã, talvez...
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