Quinta-feira, 2005-09-22 23:09:09
A quinta-feira é um dia bastante preenchido e habitualmente o mais comprido. Saímos de casa às 8h30 e dirigimo-nos para o armazém da AMI, onde carregámos alguns caixotes de roupa, calçado e duas bolas de futebol para deixar no Ilhéu das Rôlas. Dirigimo-nos então para o primeiro dos postos comunitários: Porto Alegre. No caminho, passámos por Ribeira Peixe, onde fomos deixar alguns medicamentos que não tínhamos na terça-feira connosco. Em Porto Alegre estavam vinte e dois doentes à nossa espera. Vi metade desses doentes, enquanto o Dr. Stepan Harbuz fez a consulta de ginecologia. O doente que me deu mais prazer ver foi um menino de um ano, que tinha vindo na segunda-feira à consulta com uma amigdalite que me assustou um pouco. Na altura, já estava medicado com um antibiótico há três dias e não estava a melhorar. Além disso, tinha uma grande adenopatia (um gânglio linfático aumentado) na região occipital (na nuca). Modifiquei-lhe o tratamento e mandei a mãe trazê-lo novamente hoje, para que pudesse verificar a sua eficácia. Apareceu-me com uma cara normal (ao contrário do aspecto claramente doente que tinha na segunda-feira), brincalhão e, segundo a mãe, globalmente muito melhor. Fiquei muito mais descansado ao vê-lo quase curado.
Com tantos doentes, acabámos a consulta às 12h15, 15 minutos depois do barco para o Ilhéu das Rôlas ter partido e ainda nos faltava o posto de Vila Malanza. Aqui vimos onze doentes, com dois casos a destacar. O primeiro um jovem de 18 anos que tinha sido vítima de agressão pelo pai alcoolizado. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas (vinho de palma e cacharamba) é frequente. Por vezes vemos na consulta casos de dor abdominal, dor de cabeça ou, como aconteceu desta vez, vítimas de agressão, todos relacionados com o consumo excessivo de álcool.
Saímos de Vila Malanza às 13h30, mas tivemos de esperar pelo barco para o Ilhéu das Rôlas até às 15h30, o que nos deixou sem almoço (ofereci uma das sandes que tinha levado ao nosso motorista e ao funcionário que vende os medicamentos). Chegámos ao ilhéu às 16h00, onde deixámos a roupa, o calçado e as bolas de futebol e fizemos rapidamente (mas com calma) dez consultas, a tempo de apanharmos o último barco às 16h30. Chegámos a Angolares às 18h30 e fomos pedir ao Sr. Fernando (um português a viver em S. Tomé há mais de 50 anos) para nos encher as restantes bolas de futebol, para que as possamos distribuir amanhã e para a semana. Trouxemos ainda de presente uma dúzia de ovos caseiros: uma iguaria para variar do peixe assado e do atum habituais.
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