Segunda-feira, 2005-08-29 23:08:00
Parti de Lisboa com outro médico da AMI que também permanecerá em missão durante 2 meses. A viagem até S. Tomé e Príncipe decorreu sem incidentes, chegamos às 8h locais. À saída, o calor e, principalmente, a humidade fizeram-se logo notar e apenas uma vetoinha ou o vidro aberto do carro permitem que deixe de suar. Tinhamos à espera a equipa da AMI que se encontra no terreno e que vamos dentro em breve substituir. A manhã foi passada a conhecer a capital, a cidade de S. Tomé, nomeadamente os locais onde comprar abastecimentos, aqueles onde é seguro comer (para os organismos sensíveis dos ocidentais, claro está) e alguma da comunidade expatriada (portugueses, espanhóis, etc.) em S. Tomé. Para mais tarde ficarão marcados alguns contactos oficiais. S. Tomé é uma cidade pequena e algo caótica para os padrões ocidentais, com poucos turistas, mas onde a comunidade de europeus expatriados (sempre prontos a ajudar a equipa da AMI) tem uma relevância significativa.
Depois de almoço partimos para o local da missão: S. João dos Angolares. O caminho é feito ao longo da costa, por uma estrada sinuosa e em péssimo estado de conservação. O percurso demora cerca de uma hora e meia, apesar de serem pouco mais de 30 quilómetros. Esta situação representa uma grande dificuldade quando é necessário evacuar um doente para o hospital da capital. A viagem, no entanto, não deixa de ser deslumbrante: sempre junto da costa, rodeados por bananeiras, coqueiros e muitas outras árvores tropicais e com alguns animais (porcos, galinhas e algumas cabras) sempre prontos a atravessar a estrada no momento mais inoportuno. S. João dos Angolares é uma pequena \"cidade\" (uma aldeia nos padrões portugueses), capital do distrito de Caué. O clima aqui é bem mais nublado e chuvoso que na capital, o que contribui para a sensação de isolamento que se tem ao chegar. Ao cimo da colina que dá para a cidade fica a Roça de S. João, que espero ter oportunidade de visitar em mais pormenor brevemente. A cidade possui um hospital e uma maternidade. Ambos têm meios muito escassos para fazer face à necessidade da população. Exceptuando os membros da AMI, existe apenas um médico para o distrito, que é também o delegado de saúde. Existem muito poucos medicamentos e o único meio auxiliar de diagnóstico disponível no laboratório é o exame da gota espessa (para fazer o diagnóstico de malária).
Uma vez que a ligação à internet é bastante lenta, não vou poder colocar no site todas as fotografias que desejaria. Espero conseguir colocar algumas, ainda que em formato mais pequeno, que completarei quando regressar a Portugal.
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