Missão S. Tomé e Príncipe - Diário de Viagem, por Daniel Pinto
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Segunda-feira, 2005-09-26 23:09:49

Hoje foi dia de consulta no Posto de Porto Alegre. Enquanto o Dr. Ricardo Leitão assegurou a actividade no hospital de Angolares, eu e o Dr. Stepan Harbuz fomos para Porto Alegre. Ao contrário da segunda-feira passada, em que vimos dezoito doentes, hoje fizemos apenas seis consultas. Das consultas que fiz, há três casos muito interessantes para contar.
O primeiro, de um homem de 53 anos que tinha visto há uma semana com uma artrite (doença da articulação) do joelho direito. Com a medicação prescrita estava a sentir-se bem melhor e hoje prometeu-me que me havia de levar dois abacaxis a Angolares. As doenças articulares são muito frequentes na população do distrito de Caué. Resultam do desgaste progressivo ao longo dos anos, o que é designado na sabedoria popular pelo “reumático”. Contudo, aqui em S. Tomé este tipo de doenças surge em pessoas bem mais novas do que é habitual em Portugal, fruto da maior carga física do trabalho.
O segundo caso interessante foi o de um homem de 29 anos, que vinha à consulta queixar-se de dor nas costas. No entanto, a verdadeira razão da sua presença hoje só a revelou alguns minutos depois: andava angustiado porque tinha um problema de ejaculação precoce. A dor nas costas consigo resolver com os medicamentos à minha disposição, mas os fármacos que podem ajudar na ejaculação precoce (antidepressivos) não existem na farmácia do hospital. Procurei explicar ao senhor que o problema partia da sua mente, das suas preocupações e alguma ansiedade e que não havia nada de errado com o seu corpo, esta situação é normal e não deixa de ter a sua masculinidade por causa dela.
Por último, vi uma jovem de 20 anos com epilepsia. Tinha vindo à consulta na passada quinta-feira, mas na altura eu não tinha qualquer medicação para lhe oferecer, pelo que lhe pedi que viesse novamente hoje. Esta doente é epilética desde a infância, ultimamente tem crises de grande mal epilético (um tipo de epilepsia) várias vezes por semana (ocasionalmente três vezes por dia) e tem algum atraso mental. Tinha trazido do armazém da AMI em Angolares um medicamento utilizado para tratar a epilepsia (chamado carbamazepina), que espero vá reduzir o número de crises a breve prazo. A dificuldade maior do tratamento está no nível educacional dos pais, que nem sabem ler e escrever. Por isso gastei quase quinze minutos a explicar várias vezes à mãe como fazer o tratamento. Envolvi também o enfermeiro do posto, tornando-o responsável pela medicação.
Durante a tarde estive a acabar de preparar uma sessão de formação que vou fazer brevemente aos enfermeiros do distrito.

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