História
Crê-se que a ilha de S. Tomé foi descoberta (ou achada -
alguns autores consideram que existiria uma população nativa:
os Angolares) a 21 de Dezembro (dia de S. Tomé) de 1470
pelos navegadores João de Santarém e Pêro Escobar
que, a mando do Rei D. Afonso V de Portugal, exploravam a costa ocidental
africana. Situa-se a descoberta da ilha do Príncipe a 17 de Janeiro
de 1471. O povoamento do arquipélago por colonos portugueses iniciou-se
em 1485 por João de Paiva, a quem D. João II havia doado
a ilha. Os primeiros colonos desembarcaram em Ana Ambó e estabeleceram-se
na costa norte da ilha, fundando uma povoação na Baía
de Ana Chaves.
Desde cedo (por volta do ano de 1500) os portugueses dedicaram-se ao
cultivo da cana-de-açúcar, que encontrava condições
favoráveis no clima de S. Tomé. Rapidamente surgiram mais
de 60 engenhos produtores de açúcar, que era exportado para
a Europa. Outras fontes de rendimento eram a produção de
pimenta e a exportação de madeiras. Ao mesmo tempo, devido
à sua localização, S. Tomé funcionava como
entreposto comercial entre África, Europa e, mais tarde, o Brasil.
A população era constituída por várias camadas
sociais: os grandes senhores portugueses, o clero, outros colonos portugueses,
os escravos (necessários em grande quantidade para a produção
de açúcar e que foram sendo importados do continente africano)
e os forros (escravos dos primeiros colonos e os seus descendentes,
assim chamados por lhes ter sido concedida por D. Manuel I a libertação
através de uma carta de alforria).
No final do século XVI a ilha vive um período de bastante
instabilidade com revoltas dos Angolares (população que
habitava a zona sul da ilha de S. Tomé; composta por escravos sobreviventes
do naufrágio de um navio negreiro para alguns autores ou nativos
da ilha para outros), a quem se juntavam os escravos que trabalhavam nos
engenhos de açúcar; ataques de corsários originários
de outras potências europeias (nomeadamente a França e a
Holanda); e a luta pelo poder entre os próprios colonos. Até
ao século XIX assiste-se ao declínio da produção
de açúcar em S. Tomé devido ao grande fluxo migratório
de colonos portugueses para o Brasil, que oferecia melhores condições,
e ao abandono das culturas por parte dos forros, que se dedicavam a uma
agricultura de subsistência.
Já no século XIX, com a independência do Brasil e
a plantação de culturas de cacau e café, ressurge
o interesse dos portugueses na ilha. A administração do
arquipélago é reorganizada, são introduzidos novos
escravos a partir do continente (já que os forros se recusam a
trabalhar para os colonos), são combatidas as revoltas Angolares
e a terra é redistribuída, conquistada ou usurpada pelos
grandes senhores (que normalmente vivem na metrópole e delegam
a administração em funcionários portugueses). São
assim criadas as Roças, grandes latifúndios que se dedicam
à produção principalmente de café e cacau
e que gozam de grande autonomia dentro das suas fronteiras, onde a vontade
do patrão é lei. Com a abolição da escravatura
em 1876, inicia-se um novo fluxo imigratório de trabalhadores contratados
(na prática, pouco mais que escravos), principalmente a partir
de Cabo Verde, Angola e Moçambique para assegurar o trabalho nas
roças. No período imediatamente após a Primeira Guerra
Mundial, S. Tomé torna-se o principal exportador mundial de cacau.
A partir de então assiste-se a um declínio progressivo da
produção.
Nos anos 60 forma-se o Comité de Libertação de S.
Tomé e Príncipe, que luta pela independência e contra
o regime português, apesar de nunca ter existido luta armada no
arquipélago. Com o 25 de Abril em Portugal abre-se a porta à
independência de S. Tomé e Príncipe, o que acontece
a 12 de Julho de 1975. O país viveu num sistema de partido único
e de orientação socialista até 1991, altura das primeiras
eleições legislativas multipartidárias.
Mais recentemente, o início da exploração de petróleo
nas águas territoriais traz a esperança de um futuro melhor
para os habitantes de S. Tomé e Príncipe.
Topo da página |