Missão S. Tomé e Príncipe - Diário de Viagem, por Daniel Pinto
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Terça-feira, 2005-10-04 21:10:11

Levantámo-nos mais cedo que o habitual: era preciso fazer os postos de Ribeira Peixe, Emolve e Monte Mário e ainda estar no hospital ao final da manhã para fazer uma acção de formação aos enfermeiros. Hoje foi a minha vez de ficar em Ribeira Peixe, enquanto o Dr. Stepan Harbuz foi fazer os postos de Emolve e Monte Mário. Havia dezasseis doentes, a maioria casos dentro do que é habitual: parasitoses intestinais, infecções respiratórias, malária e infecções fúngicas da pele. Destaco dois casos. O primeiro de um menino de 8 anos com uma enorme tumefacção na axila. Era um gânglio linfático muito inflamado como resultado da entrada constante de bactérias através de duas feridas nos dedos da mão. As mãos estavam bastante sujas e as feridas não estavam a ser tratadas, de maneira que as bactérias entravam livremente e prosseguiam até à axila onde eram travadas pelo gânglio linfático que tinha motivado a vinda ao médico. O segundo de uma mulher de 30 anos que eu já tinha tratado há duas semanas por pneumonia e não estava a melhorar com o tratamento. Em S. Tomé há poucas resistências das bactérias aos antibióticos, por isso utilizamos muitas vezes medicamentos que em Portugal não surtiriam qualquer efeito, mas aqui resultam plenamente. No entanto, há sempre as excepções à regra. A bactéria responsável pela pneumonia desta doente deve ser resistente ao antibiótico que prescrevi, por isso mantém as queixas. Não existe na farmácia local o antibiótico “mais potente” que queria utilizar, mas temo-lo na farmácia da AMI, pelo que pedi à doente que o viesse buscar no dia seguinte a Angolares.
Quando estava quase a terminar, o Dr. Stepan Harbuz veio ajudar-me com os últimos doentes. Tinha-se despachado mais depressa que o previsto porque não pôde ir a Monte Mário, uma vez que o rio Caué (que fica antes de Monte Mário) passava por cima da ponte, o que tornava impossível a travessia. Tinha chovido toda a noite (esta noite deitei-me e acordei a ouvir a chuva), o que se reflectia nos rios. Ainda assim, isto não seria suficiente para impedir a travessia não fora um pequeno pormenor: a ponte está literalmente quebrada ao meio e a ponte improvisada é demasiado baixa. Logo depois de Monte Mário há outra ponte no mesmo estado. Ao que me contaram, há alguns anos, quando foi reparado o troço de estrada entre Emolve e Porto Alegre, a reparação das pontes não foi contemplada no orçamento pago pelo estado santomense. Assim, o empreiteiro decidiu que não era sua obrigação o arranjo destas duas pontes. Fez apenas duas travessias (cerca de meio metro mais altas que os rios) para ligar as margens. Quando chove muito é impossível atravessar, já que estas pontes improvisadas ficam submersas. Mesmo com o escape elevado (que não temos) seria arriscado dada a força do rio. Isto quer dizer que os doentes de Monte Mário ficaram sem consulta esta semana. Esperamos que na quinta-feira o rio já tenha baixado o suficiente para nos permitir fazer os postos de Porto Alegre, Vila Malanza e Ilhéu das Rôlas.
De regresso ao hospital de Angolares tive duas surpresas desagradáveis. Muito para meu espanto, não pude dar a acção de formação porque a maioria dos enfermeiros não se encontrava presente. A outra surpresa foi o regresso de um menino de três meses que tínhamos visto ontem com uma infecção respiratória. Estava bastante prostrado e não mamava, pelo que a mãe o trouxe ao hospital. Prescrevemos-lhe mais alguns medicamentos e internámo-lo. Voltei ao hospital às três da tarde para ver como tinha evoluído. Já estava bem melhor, tinha mamado há pouco tempo e dormia profundamente. Fica internado pelo menos até amanhã de manhã.

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Comentários

2005-10-05 16:10:32
eva

(isto n e um comentario) ola Daniel! O teu diario esta o maximo e apetece imenso ir ate ai e participar no trabalho q estas a desenvolver. Eniviei-te mail. Espero q te encontres bem Beijinhos EVA

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