Missão S. Tomé e Príncipe - Diário de Viagem, por Daniel Pinto
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Quarta-feira, 2005-10-26 23:10:21

Hoje foi um dia longo e cansativo. Começámos às oito horas o trabalho no Hospital de Angolares. Vimos os seis doentes internados. A menina que tínhamos internado ontem com diarreia estava bem melhor, já sem diarreia nem dor abdominal. Foi fazer o resto do tratamento para casa. O senhor que tínhamos trazido de Dona Augusta continua a queixar-se de desequilíbrio e tonturas. Ainda não percebemos bem até que ponto estas queixas são devidas ao traumatismo craniano ou já existiam antes, até porque o senhor consume bastante álcool. A senhora com dor abdominal que tínhamos visto ontem à tarde estava melhor. Fizemos vinte consultas. Continuam a existir muitos casos de infecções respiratórias, mas tem subido o número de diarreias agudas. Com uma epidemia de cólera no país, estes casos são um pouco mais difíceis de gerir: não podemos deixar passar os doentes com cólera, mas também não temos capacidade para (nem seria desejável) internar todas as pessoas com diarreia. Optamos por uma terapêutica mais agressiva e manter os casos suspeitos em vigilância durante algumas horas.
Às dez horas acabámos as consultas. Passámos pela escola primária para deixar uma bola e algum material escolar e seguimos para a capital. A meio da viagem a temperatura do motor começou a subir e precisámos de parar para colocar água no radiador. O furo que já tínhamos estava bem pior, necessitava de ser reparado antes de voltarmos a Angolares. Um pouco mais à frente parámos para comprar polvo: nove polvos por 110 mil dobras (menos de oito euros e meio). Chegados à capital, as últimas horas da manhã foram passadas a resolver a burocracia necessária para renovar o meu visto. Terei de voltar para a semana para levantar o meu passaporte já com o visto. Depois trocámos dinheiro nos cambistas de rua, almoçámos e fomos ao mercado fazer compras. Foi bastante agradável, encontrámos batata (que não é cultivada em S. Tomé), ninguém nos tentou enganar, conseguimos bons preços e ainda nos ofereceram algumas coisas por termos comprado uma quantidade tão grande. Fomos à embaixada buscar a mala diplomática que a AMI nos tinha enviado de Lisboa: tiras para a máquina de glicémia capilar e lancetas. Já podemos começar o rastreio da diabetes no distrito de Caué. Fizemos mais algumas compras e separa oficina, onde estivemos a ver reparar o radiador.
Quando chegávamos a casa, em Angolares, veio ao nosso encontro o condutor da ambulância do hospital: havia uma doente para irmos ver. Era uma senhora com diarreia abundante desde há algumas horas e os enfermeiros suspeitavam de cólera. Prescrevemos o tratamento adequado, mas esperamos que a suspeita não se confirme. Se tivermos um caso dentro da própria cidade de Angolares a probabilidade de uma epidemia de grandes proporções aumenta.
Para o jantar, convidámos o Manuel, o cozinheiro da roça S. João que, além de ser um óptimo cozinheiro, é também uma excelente companhia. O polvo estava óptimo e eu também recebi alguns elogios pela minha salada de frutas, que não é uma sobremesa a que estejam habituados por aqui (servem sempre cada fruta separada). Eu, que nem sei estrelar um ovo, a ser elogiado por um grande cozinheiro como o Manuel.

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