Sexta-feira, 2005-10-21 22:10:45
A manhã não começou da melhor maneira: o filtro de gasóleo que tínhamos trazido ontem para o jipe avariado não serviu, teríamos de ir trocá-lo hoje à tarde. Partimos só com um dos jipes para Iô Grande. À chegada disseram-nos que não havia ninguém para a consulta. Contudo, trouxéramos papas infantis para distribuir, pelo que pedimos que reunissem as mães com crianças entre os seis meses e dois anos de idade. Como já tinha dito, Iô Grande é uma das comunidades (senão mesmo a comunidade) mais pobres do distrito. Estas papas vão permitir que estas crianças reponham algumas reservas de calorias e proteínas. No final da distribuição já se tinham reunido alguns doentes para a consulta, acabámos por ver sete pessoas.
Em Dona Augusta fizemos doze consultas, quase todas a crianças com infecções respiratórias. Se estivéssemos na Europa, seria fácil fazer o diagnóstico de infecção respiratória. Aqui, tosse e febre podem querer dizer infecção respiratória, mas também malária ou parasitose intestinal. Quando temos dúvidas tratamos as três hipóteses, não podemos arriscar que uma das doenças evolua sem controlo durante uma semana (até voltarmos àquele posto).
Na viagem de regresso até Angolares cruzámo-nos com a ambulância do hospital. O Dr. Américo informou-nos de que já existe confirmação de que o caso de diarreia de Porto Alegre era mesmo cólera. O nosso colega ia seguir com uma equipa de técnicos para esta povoação, onde iriam trabalhar até à noite para tentar conter este foco da epidemia.
Depois de almoço fomos à capital trocar o filtro para o motor do Nissan Patrol. Quando passámos por Angra Toldo o pai da menina que tinha desaparecido ontem fez-nos sinal para parar. Tinha boas notícias: a menina tinha sido encontrada ontem à noite no mato assustada, mas sem qualquer ferimento. Na capital ainda tentei proceder à renovação do visto de permanência no país, mas as repartições públicas já tinham fechado quando chegámos. Terei de tratar deste assunto durante uma das manhãs da próxima semana.
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