Segunda-feira, 2005-10-31 23:10:28

Depois das despedidas, o regresso ao trabalho. Hoje fiquei no hospital de Angolares, enquanto o resto da equipa foi fazer consultas a Porto Alegre (e também em Malanza, onde não era dia de consulta, mas havia doentes). Vi os quatro doentes internados e fiz nove consultas. Um dos casos era o de uma menina de cinco anos, trazida pela mãe com falta de ar. Tinha uma infecção respiratória e ia precisar de ficar internada. Quando já me estava a levantar para levar a menina à enfermaria, a mãe contou-me que um rapaz de treze anos tinha tentado violar ou mesmo violado a filha ontem, enquanto a mãe estava fora. Essa era a principal razão de ter vindo ao hospital, apesar de ter ficado para o final da consulta. Examinei a menina e escrevi o relatório para a polícia.
Depois fui comprar peixe. Desci até á praia, mas ainda não tinham chegado as canoas do meio-dia. Aproveitei para fazer algumas fotografias (entre elas uma a 360º que coloquei agora no site). Quando as canoas chegaram só traziam “com-com” (uma espécie de peixe vermelho). Ainda não tinha experimentado este peixe, pelo que não comprei muitos. Segui as recomendações que me fizeram os pescadores e assei-os na brasa com sumo de limão. Não são nada maus.
À tarde fui ver como estava a menina que tinha internado de manhã, mas tive uma surpresa. A mãe tinha decidido ir a casa buscar roupa e levou a filha consigo. E os enfermeiros deixaram! Espero que pelo menos queira dizer que a menina está melhor. Algum tempo depois ligaram-nos para casa para ir ver uma grávida à maternidade. Era uma mulher de vinte e três anos, grávida de sete meses, que estava a perder sangue. Não era uma situação muito preocupante (não havia sinais de que o parto estivesse para acontecer e a grávida continuava a sentir o feto mexer normalmente), mas enviámo-la para a capital, onde pode fazer uma ecografia.